Sobre Arte

A palavra Arte tem sua origem no latim ‘ars’ e significa uma técnica ou habilidade que se volta a um objetivo. Classifica-se em três grandes áreas: Artes Liberais, Artes de Conduta e Belas Artes. As Artes Liberais objetivam o útil, as Artes de Conduta, o bom (Ética) e as Belas Artes o belo e as expressões estéticas. Para Platão o belo se identifica com o bom e do ponto de vista ético, o útil deve também ser bom.
As Belas Artes ou simplificadamente Artes, numa abordagem mais tradicional, são em número de seis: arte do som (música); arte do movimento (dança e coreografia); arte da cor (pintura); arte do volume (escultura); arte da representação (teatro); e a arte da palavra (literatura).  Modernamente podem ser classificadas em estáticas e dinâmicas. Seriam artes dinâmicas, a música, a poesia, o teatro, a dança e a coreografia, a literatura, o cinema e a arte digital. Como expressões artísticas estáticas, teríamos a pintura, a escultura, a arquitetura, a fotografia, o desenho e as histórias em quadrinhos. Na mitologia grega, as Musas, filhas de Zeus e Mnemosine (memória), eram aquelas que inspiravam nos homens a criação artística ou científica. O templo das musas chamava-se ‘Museion’, o que originou a palavra ‘museu’ que se refere aos locais de cultivo e preservação das artes e ciências. O termo ars deu origem também à palavra artista, aquele que produz arte, e artesão, o que faz algo manualmente.

A estética se refere a como um determinado estímulo afeta a subjetividade individual. Como ele percebe. Como algo afeta os sentimentos do sujeito. Se lhe é agradável ou não. Se lhe suscita ideias. Se lhe chama a atenção e/ou se lhe intriga. Se lhe faz refletir criticamente.
Na visão de Aristóteles, o belo é a imitação da realidade e a catarse da intimidade do artista.
Os neoplatônicos (Plotino) consideram a arte uma manifestação do espírito humano.
Kant analisa que a arte é uma manifestação que produz uma satisfação desinteressada. Uma ‘finalidade sem fim’.
Pela definição de Wordsworth a arte é ‘emoção relembrada com serenidade’.
Por Malraux a arte é uma tentativa ‘de dar aos homens consciência da grandeza que ignoram em si mesmos’.

O efeito que uma obra de arte causa sobre um ser humano (e quando se fala em arte, é a isto que estamos nos referindo) não depende, pelo menos não exclusivamente de perícia e habilidade técnica do artista. A capacidade de materializar com precisão uma expressão artística é indiscutivelmente meritória. No entanto o ponto central são os efeitos que a expressão artística em si provocam sobre a subjetividade do observador. A Mona Lisa de Leonardo da Vinci ou a Escola de Atenas de Rafael são muitíssimo mais que uma senhora que olha para você ou uma porção de pessoas reunidas.
A concepção de arte depende fortemente do momento histórico e da conjuntura cultural. Cada novo estilo criado e estabilizado rompe pelo menos em parte com as bases conceituais dos estilos anteriores. Por exemplo, o conceito da arte da cor como reprodução exata da realidade, ficou fortemente comprometido quando do advento da fotografia.
A arte frequentemente é considerada como supérflua e pode ser usada como instrumento em prol de interesses políticos, na acepção mais geral do termo. Um filme, uma novela, um romance, uma poesia, uma canção, afetam o ser humano e em alguma medida condicionam suas opiniões e reações. Podem ser usados a favor ou contra estruturas sociais e ideologias.
A arte é uma potente forma de descrever culturas e civilizações. De atuar sobre as consciências humanas. A arte através de suas representações propõe uma ordem ao mundo. Revela e alivia as alegrias, desejos e angústias que nos afligem.

A arte é uma necessidade fundamental do ser humano. Os indígenas não fazem apenas panelas. As fazem coloridas e com a forma de animais. Não fazem apenas cestos. Os fazem também coloridos e belamente trançados. Nossos artigos úteis, por exemplo, seu smartphone, é também estético. Os designers são os artistas dos objetos de consumo. Os arquitetos, os artistas das edificações.
Uma determinada expressão artística depende da liberdade do autor e da receptividade do meio onde se encontra. O artista necessita de liberdade para escolher o que e como representar bem como da liberdade para errar e ousar. Por outro lado sua produção tende a morrer na ausência de outros observadores. Não há artista sem plateia. Um trabalho que não é partilhado com outros, para todos os efeitos práticos, não existe.

Paul F. Milcent. Em 28/05/2016.

A Galeria de Arte é um espaço público ou privado destinado a exposições temporárias e permanentes de obras de arte, aos seus visitantes. As galerias de arte pública são chamadas no Brasil de museus de arte. As galerias de arte privadas (ou simplesmente galerias de arte,) também expõem trabalhos. No entanto tem como alvo a comercialização e são a vitrine dos marchands d’art (negociantes de arte). As obras em geral são pinturas, esculturas, desenhos e fotografias. O principal sentido humano a ser utilizado é a visão. No entanto abordagens inovadoras exploram o tato, a audição e o olfato. Os espaços costumam garantir a durabilidade e a segurança, bem como a adequada apreciação do espectador, tomando cuidados com posição, harmonia e composição, iluminação, possibilidade de distanciamento e circulação. As galerias de arte normalmente são abertas ao público, porém algumas são semi privadas, mais exclusivas e visitáveis somente mediante agendamento. Os curadores são os profissionais que selecionam e organizam um conjunto de obras a serem expostas a partir de critérios tais como de tema, tendência, ou características dos autores. É possível expor trabalhos no espaço físico da própria galeria, em showrooms temporários ou pela internet.

A internet permitiu a criação de espaços virtuais e as galerias de arte virtuais suprimindo com isto as barreiras geográficas e permitindo a redução dos custos operacionais e a redução das necessidades de intermediação. A exposição e a compra das obras de arte de um artista exercem papel fundamental na sua validação. A compra é provavelmente mais potente como sinal de reconhecimento do que uma crítica favorável ou o aval de alguma organização.

Uma galeria de arte não só expõe trabalhos e os comercializa como também promove os artistas a ela vinculados. Prospectos, folhetos e catálogos sobre obras e artistas podem ser editados pela galeria interessada. As galerias de arte privadas tem grande interesse comercial em promover e aumentar a visibilidade e a reputação dos artistas a ela vinculados, como também de formar uma rede de contatos profissionais e comerciais. Por outro lado, as galerias de arte desempenham tradicionalmente um papel fundamental no futuro profissional de seus artistas. As maiores costumam participar de exposições nacionais e internacionais. As galerias de arte podem se dedicar à comercialização de cópias, dentre outras de pinturas, esculturas, fotografias, litografias ou gravuras. Tal prática permite maior divulgação e atinge um público maior, graças a preços mais acessíveis que as obras originais.

O galerista, também denominado marchand d’art, atua como intermediário entre os artistas e os compradores e efetua vendas em âmbito nacional e internacional. Ele ou seus funcionários aconselham o potencial comprador tendo em vista o acervo disponível. Frequentemente são detentores de larga experiência e conhecimento aprofundado da arte. Em eventos, quer sejam reuniões, palestras ou exposições de arte, convidam um público seleto tal como de críticos, profissionais da comunicação, investidores e colecionadores. Para a publicidade, o currículo (portfólio) do artista e o folder da exposição são providenciados. Financiam projetos específicos para dentre outros fins, contratar especialistas, auxiliares, indústrias e fundições para a execução de obras de grandes dimensões ou complexas. As galerias de arte podem também ser geridas pelos seus próprios artistas.

A vinculação entre o artista e a galeria ou o marchand pode ocorrer de vários modos. Compra e revenda, comissões, divisão de receitas e despesas, contratos parciais ou de exclusividade. Os direitos de produção de novos trabalhos e de reprodução, nos termos da lei, permanecem com o autor.

As obras disponíveis em uma galeria de arte privada podem provir de uma consignação: O artista disponibiliza a obra para a galeria, recebendo um percentual a título de comissão no caso de venda. Podem também ser obras do estoque, adquiridas ou oriundas de escambo: a galeria de arte executa serviços de interesse do artista e em troca recebe obras de arte.

Os preços de venda são definidos a critério do marchand d’art e do artista.

Paul F. Milcent. Em 29/05/2016.

Procurando abstrair da subjetividade básica, os fatores que afetam o preço de uma obra de arte seriam:

O preço dos materiais relacionados com a obra de arte. Um trabalho em ouro, em mármore, em bronze ou ainda outro, de grandes dimensões, construtivamente complexo, é valorizado. No entanto o valor da obra costuma ser muitas vezes maior do que o valor dos materiais ou dos serviços de engenharia envolvidos.

Sua durabilidade e estado de conservação. A durabilidade de uma obra de arte é medida por quanto tempo consegue exibir adequadamente aquilo que foi originalmente representado pelo artista. Tintas desbotam, camadas de tinta fraturam e se soltam de suportes, suportes apodrecem, metais enferrujam. Uma obra sofre forte depreciação caso deteriorada ou mal restaurada.

Quantidade. Uma peça em bronze, reproduzida inúmeras vezes pelo uso do mesmo molde terá valor inferior a uma peça em bronze única. Uma gravura oriunda de uma tiragem de 50 cópias valerá mais que se for oriunda de uma tiragem de 300 cópias ou com um número desconhecido de reproduções.

Similitude. Obras muito parecidas umas com outras terão teoricamente valor menor do que obras distintas.

Reprodutibilidade. Obras de cópia mais difícil são idealmente mais valiosas do que as de fácil reprodução.

Tempo para execução. Nos tempos atuais, algumas vezes tem efeito inverso no preço.

A estética. O fato de uma determinada obra de arte agradar ou não e o interesse em usufruir deste prazer a qualquer tempo e cotidianamente é o fator de máxima e fundamental importância com respeito ao seu valor real. É o componente relacionado diretamente à conceituação de arte. O que justifica seu consumo e perenidade numa visão antropológica.

Evolução e ciclicidade dos gostos. Conforme as características culturais do meio, uma obra pode ter muito ou nenhum valor. Como a cultura se transforma, a sensibilidade estética também o faz. Além disto, estilos artísticos ao longo da história da humanidade surgem, se tornam extremamente valorizados, entram em ostracismo ou mesmo são demonizados e depois ressurgem novamente muito apreciados. Como exemplo, o realismo clássico é um importante movimento pós contemporâneo. A arte segue as leis da evolução. Os artistas por inerência estão continuamente a criar. Os estilos consumidos pelo público e reproduzidos por outros artistas sobrevivem. Os demais entram em extinção.

Localização. O local considerado é relevante, pois se relaciona às características culturais. Frans Post e Jean-Baptiste Debret são pintores pouco significativos na Europa, porém muito valorizados no Brasil, pois suas obras retratam paisagens brasileiras de importância histórica. Estilos arquitetônicos podem ser apreciados num país e noutro não.

Habilidade decorativa. Entende-se aqui como a capacidade de uma de obra em transferir prazer estético ao ambiente onde se encontra.

Fatores interpessoais. Tais fatores relacionam-se com o autor da obra. Obviamente a assinatura de quem quer que seja em um trabalho artístico, em nada afeta sua qualidade estética. São frequentes os casos em que obras supervalorizadas supostamente atribuídas a grandes mestres, percam quase que totalmente seu valor monetário quando se constata terem sido produzidas por outro artista. Obras de notável valor estético podem ser adquiridas a preços muito reduzidos simplesmente pelo fato que se desconhece sua autoria. Nestes casos também o volume da oferta afeta os preços.

Em síntese o real valor de uma obra de arte está intimamente ligado à própria definição de arte. À capacidade do trabalho afetar favoravelmente os sentidos estéticos do indivíduo.

Paul F. Milcent. Em 20/05/2017. Reeditado em 18/01/18.

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